NECESSIDADES NUTRICIONAIS DE GATOS

Os gatos são carnívoros estritos, logo são precisam obrigatóriamente de proteína animal na dieta.

Os gatos dependem de nutrientes presentes no tecido animal para suprir suas necessidades nutricionais. 

Algumas substâncias presentes nos vegetais não são toleradas por gatos, pois eles não possuem ferramentas capazes de metabolizar essas substâncias, como exemplo, o ácido benzoico.

Os gatos são fisiologicamente adaptados para um metabolismo proteico mais intenso, utilizando a proteína para obter energia e para a síntese de estruturas e manutenção das suas funções orgânicas. 

O fígado de felinos possui baixa atividade da enzima hepática glicoquinase que é a principal enzima envolvida no metabolismo da glicose, logo, não apresenta um eficiente metabolismo para carboidratos. 

Os tecidos dos felinos possuem alta atividade de enzimas neoglicogênicas sendo muito eficientes em produzir glicose a partir de substratos não glicosídicos, como os aminoácidos por exemplo.

A dieta dos gatos requer uma dieta com alto teor proteico, moderado teor de lipídico e baixo teor de carboidratos.

As exigências nutricionais desses animais podem variar conforme idade, raça, sexo, peso, ambiente no qual habita e os nutrientes disponíveis nos alimentos que lhe são oferecidos. 

Abaixo estão descritas as necessidades para a maioria dos animais saudáveis:

Água

Os gatos tendem a ingerir menos água que os cães, mas mesmo assim é importante que sempre esteja sempre fresca e disponível.

Os alimentos comerciais oferecidos aos gatos podem ser úmidos ou secos. 

O alimento seco (ração) apresenta cerca de 10% apenas de umidade na sua composição, enquanto o úmido (alimento natural) 80%. 

Quanto mais seco for o alimento, mais água será necessária para que o animal seja capaz de absorver os alimentos.

O ideal é que um gato de 3kg beba pelo menos 150 ml de água por dia, ou seja, uma média de 50 ml/kg de peso vivo. 

Para estimulá-los, o ideal é que vários bebedouros estejam distribuídos pela casa.

Proteínas e aminoácidos

Os gatos tendem a apresentar uma capacidade digestiva maior em relação a proteínas de origem animal do que em relação a proteínas de origem vegetal. 

Os aminoácidos que não são produzidos em quantidades suficientes pelo organismo para manter o seu metabolismo são denominados de aminoácidos essenciais e devem ser supridos com a dieta. 

Os aminoácidos essenciais são importantes como precursores de neurotransmissores e formadores de proteínas biologicamente ativas como hormônios. Também fornecem as cadeias de carbono para obtenção de energia por meio da glicogênese. 

Os ingredientes proteicos das dietas devem ser de alta qualidade apresentando um bom equilíbrio de todos os aminoácidos essenciais. 

A deficiências de aminoácidos essenciais podem desencadear problemas de saúde graves para os felinos, principalmente, a deficiência de taurina.

Taurina:

Este aminoácido é encontrado na proteína de origem animal como aminoácido livre. É encontrado principalmente em tecidos de origem animal como músculos, vísceras e cérebros. 

A taurina está praticamente ausente nos tecidos de origem vegetal. 

O fígado dos felinos apresenta uma limitada capacidade enzimática para converter metionina e cisteína em taurina. 

Existe uma grande perda desse aminoácido no trato intestinal. 

Em gatos, os ácidos biliares são conjugados com a taurina para a formação dos sais biliares antes de ser lançado no intestino delgado. 

No intestino delgado, essa ligação é rompida podendo a taurina ser reabsorvida, excretada com as fezes ou degradada pela flora bacteriana intestinal. 

A maior parte da taurina acaba sendo degradada pela flora bacteriana.

A deficiência de taurina provoca uma série de problemas metabólicos e clínicos, incluindo degeneração progressiva da retina podendo evoluir para a cegueira total, pode induzir surdez, cardiomiopatia e insuficiência cardíaca, resposta imune inadequada, má-formação de neonatos, falhas reprodutivas e defeitos congênitos.

(HORA; HAGIWARA, 2010).

Arginina:

É o segundo aminoácido mais limitante. Os gatos são os únicos mamíferos que não são capazes de produzi-los. 

Assim como a taurina, esse aminoácido é encontrado em altas concentrações na proteína de origem animal.

Os gatos não são capazes de sintetizar a arginina em quantidades suficientes. 

A arginina é crítica para a remoção de amônia do organismo através da urina. 

Sem arginina suficiente na dieta, os gatos podem sofrer uma tóxica acumulação de amônia na corrente sanguínea, sintoma conhecido como hiperamonemia. 

Também podem ocorrer alterações graves como espasmos tetânicos, ataxias, emese e coma e morte do animal.

Metionina e Cistina:

São aminoácidos sulfurados presentes principalmente em proteínas de origem animal. 

A exigência nutricional por esses aminoácidos é bastante alta por serem usados pelo metabolismo dos felinos para gliconeogênese. 

Tanto a metionina como a cistina são catabolizados a piruvato que será oxidado para a produção de energia.

Além da produção de energia, a cistina está envolvida na produção de pelos e do aminoácido composto por enxofre, felinina, que é responsável pelo odor da urina de gatos machos adultos na marcação territorial.

Dietas com quantidades de metionina muito baixa podem afetar o crescimento de filhotes e resultar em dermatite crostosa mucocutânea, principalmente, nas regiões da boca, nariz e coxins. 

A proporção desses aminoácidos na dieta deve ser igual, de forma, que a quantidade de cistina nunca supere a de metionina.

Os 11 aminoácidos essenciais para gatos e suas funções:

Fonte: Adaptado de Hora (2010, pp. 30-42).

Gorduras e ácidos graxos

As gorduras dietéticas são derivadas, principalmente, de gorduras animais e de óleos das sementes de plantas. 

As gorduras das dietas são responsáveis por fornecerem uma fonte de energia mais concentrada. 

Como visto anteriormente, a hidrólise das gorduras gera mais energia que a hidrólise de proteínas e carboidratos.

Além da produção de energia, a digestão da gordura da dieta resulta no fornecimento de ácidos graxos.

Os ácidos graxos são formados por cadeias de hidrocarbonetos, dos quais o número de carbonos é variável, sendo classificados principalmente pelo número de ligações duplas e pela localização delas. 

Os ácidos graxos essenciais para gatos são os ácidos graxos pertencentes à família ômega 3 (as ligações duplas se encontram no 3°-4° carbono) e ômega 6 (as ligações duplas se encontram no 6°-7° carbono).

Segundo a NRC, as dietas para gatos devem conter um teor mínimo de 9% gordura da matéria seca. 

As gorduras alimentares tendem a aumentar a palatabilidade e a textura da comida, tornando-a mais atraente para os gatos e podem ocasionar distúrbio de obesidade.

Carboidratos:

Não são essenciais na dieta, porém os carboidratos fornecem uma abundante fonte de energia, mas deve existir uma cautela com relação às quantidades, pois, como os gatos são carnívoros, o intestino do gato possui comprimento curto, o que limita sua capacidade de fermentar fibras encontradas em muitos carboidratos.

Um dos fatores que explicam o fato de os carboidratos não serem essenciais para os gatos é que eles apresentam alta atividade da enzima fosfoenolpiruvato carboxiquinase e, com isso, seu metabolismo é muito eficiente para a gliconeogênese. Assim, apresentam intensa atividade metabólica, necessárias para a rápida conversão do excesso de aminoácidos em glicose.

As dietas ideais são aquelas baixo teor de carboidratos até 30% da dieta.